quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Abrindo a porta da memória

IN MEMORIAM 
Poema dedicado a meu irmão Antonino.



Informes amarelos repousam em arquivadores da memória
espalhados
abeirados por uma inumação de crisântemos
que partem
enquanto aparecem estalagmites nas meninas
nada fugidias
nada temporárias
Insistentes
atravessam o onirismo da noite
confluem na interpretação lacrimal
invasora, no ocaso
O silêncio neste caso, semelha uma constante
a cordilheira anelada
a expectativa capaz de lograr o equilíbrio

Não obstante
os pombos esquizoides olham desde a repisa da janela
inermes, espreitantes
Digitalis purpurea invadem a coluna vertebral
vestem-na de trepidas heras
que deambulam pelos prados da infância
As moscas, esse complemento aborrecido do verão
que pousam na cara, nas orelhas
Ah as odiosas!
Adormecem na incredulidade
e aguardam a manifesta declaração dos exaustos

que cruzam as estelas tristes dos ausentes


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