Poema publicado na Revista Elipse Nº1
O sol de África, redondo, amarelo
deitado
nos relevos geométricos
dum djembe que soa ao amencer
tam tam tam tam
A
realidade cria sons de madeira
enchoupados na auga dum rio
que às
vezes também chora
Os fechados
olhos internam-se
na
raizame da erva, na terra
nos
pés em coiro que caminham
baixo
nuvens grises de incerteza
A
rota atravessa as árvores robustas
num encadeamento que semelha não ter fim
As
vozes de África
vêm envolvidas no tam tam do vento
Refletem
laios doutra hora
e desta
O liberado
ritmo
acada eco entre
os dedos
debuxa bágoas
na
face chocolate duma rapariga
infibulada
voa
polo celeste céu de África
na
tensa pele, folgam as notas duma melodia
duma oração
Uma
mãe face de chocolate
intenta
amamentar ao seu meninho
com
o calostro que deita das suas mamas
murchas
caídas
de
fome
Sol
de África
África
negra
África
nossa!
Tam tam tam
tam tam tam