quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sol de África


Poema publicado na Revista Elipse Nº1 


O sol de África,  redondo, amarelo
deitado nos relevos geométricos  
dum  djembe   que soa ao amencer
  tam tam tam tam
A realidade cria  sons  de madeira
enchoupados  na auga dum rio
que às vezes  também chora
Os fechados olhos  internam-se
na raizame da erva, na terra
nos pés em coiro que caminham
baixo nuvens  grises de incerteza
A rota atravessa  as árvores  robustas
num  encadeamento que semelha não ter  fim
As vozes de África  
vêm  envolvidas no tam tam  do vento
Refletem  laios doutra hora
e desta
O liberado ritmo
acada eco  entre  os dedos
debuxa  bágoas
na face chocolate duma rapariga
 infibulada
voa polo celeste céu de África
na tensa pele,  folgam as notas duma melodia
 duma oração
Uma mãe face de chocolate
intenta amamentar ao seu meninho
com o calostro que deita das suas mamas murchas
caídas
de fome
Sol de África
África negra
África nossa!

Tam   tam  tam  tam tam  tam