As páginas da vida
refletem-se na branca estrutura
duma cadeira, duas…
A madeira, ainda intacta
guarda crónicas assinaladas
no afinco da memória
Nos encostos retangulares
nas travessas
na vacuidade dos assentos
E os fragmentos repousam
na brevidade dos relatórios
nos instantes
As sombras ficam no chão
marcadas nas lousas cor pérola
Entre grafites, containers
e paredes de ladrilho
Do imaginário
emergem composições
reminiscências
que irradiam sinopses no índice
duma panorâmica diurna
de anteontem
Dum instantâneo que
permanece inserido
no passeio do tempo
A Imagem
torna-se bucólica, calma
e gera um belo esboço
exposto na solitária rua
duma tarde de verão
E ali existe
mora nas palavras
melancólicas dum poema
© Cruz Martínez Vilas
Este poema inspirou-mo uma imagem de duas cadeiras, que pertence à serie "Cadeiras à margem" do fotógrafo e amigo, Goris.